Telefone:
11 97853 5494E-mail:
[email protected] Idioma:
PT-BR
Idioma:
ESP
Idioma:
ENG
31 de maio de 2023
Os jornais – e, portanto, as redações – vivem sob o terror das sucessivas crises econômicas nos últimos 20 anos, no mínimo. Nos anos 1990, jornais como Folha de São Paulo e The New York Times, nos Estados Unidos, começaram a oferecer as primeiras páginas na internet recém-nascida. Atualmente, os veículos de impressa continuam a tentar trajetos para consolidar novos negócios nas plataformas digitais e na recémexpandida Web 3.0, que abrange ainternet das coisas (IoT).
“Antigamente, os jornais tiveram que se reinventar porque as plataformas digitais chegaram roubando toda a publicidade. Agora, todos os editoriais estão saindo do mesmo ponto para lutar pelo futuro”, comenta Ewandro Schenkel, editor-chefe do jornal Gazeta do Povo. De acordo com Schenkel, tecnologias como ChatGPT, Midjourney, Pinpoint, do Google, e mesmo o Teams, da Microsoft, que oferece transcrição das conversas, já podem e são adotadas pelas redações.
Em 2016, o jornal Gazeta do Povo resolveu abandonar de vez as prensas e gráficas para assumir a digitalização. Em meados dos anos 1990 e 2000, os editoriais impressos tinham quase 40 mil assinantes. No ano de encerramento da versão impressa, eram 44 mil. “A digitalização é um fenômeno natural e sei que vários jornais já estão, obviamente, com as contas prontas e apenas esperando o momento chegar para assumir a digitalização”, opina Schenkel.
Desse modo, no começo de maio, o jornal inglês South China Morning Post, em Hong Kong, “tokenizou” as capas das principais edições da revista, com a transferência do domínio inglês para a China. Com isso, os tokens não fungíveis (NFTs) criados pela Artifac – empresa fundada pelo veículo – chegaram a rentabilizar US$ 260mil em vendas. Apesar do potencial, o gerente de tecnologia do portal Terra, Guilherme Moser, destaca que a maior dificuldade da imprensa na Web 3.0 é conseguir trazer benefícios concretos ao leitor.
“Acho que estão tentando ser disruptivos, mas o NFT ainda está muito atrelado à demanda. Se ninguém se interessar por ter as versões históricas da capa, deixa de ser uma tecnologia atraente. Mas isso não deveria acontecer porque, se uma tecnologia é útil, deve ser usada”, explica Moser. Empresas jornalísticas, afirma, não seriam os melhores espaços para testar a descentralização das notícias, sobretudo em tempos de produção massiva de fake news. “Esses usos são para validar tecnologia ao invés de criar um negócio sustentável”, destaca.
Todavia, enquanto a NFT é um ponto em debate, o uso de inteligências artificias (IAs) tornou-se fato comum nas redações. Moser acredita que o mundo possa ser dividido entre a pré-inteligência artificial e a pós, assim como certos autores dividem a história com o advento da internet nos anos 1990. Mas, o diretor de tecnologia conta que o portal Terra já tem estudado como implementar a IA na produção jornalística.
De acordo com o executivo, o Terra estuda implementar um resumo logo abaixo dos títulos e subtítulos da notícia, os quais seriam gerados por IA. “O programa pega o texto escrito por um jornalista e gera uma pílula de conteúdo. Esse é o nosso primeiro grande teste de IA gerando conteúdo do zero”, explica. Apesar de ainda não estar disponível aos usuários, a tecnologia foi primeiro avaliada pelos editores e repórteres do portal, passando por outras avaliações internas.
“Acredito que seja impossível identificar quando o conteúdo é gerado por inteligência artificial”, ressalta Moser e acrescenta “a IA chegou para ficar, agora precisamos discutir retorno e receita, por exemplo”. No debate sobre otimização do tempo e a desatenção causada pela tecnologia, o fato comum é que cada vez mais pessoas tornam-se multarefas e menos aprofundadas em certas áreas.
Outras funcionalidades podem ser exploradas a partir dessas tecnologias, como segmentação de conteúdo a partir da geolocalização. “Temos milhares de notícias por dia, é humanamente impossível ficar localizando toda notícia. Acho que a inteligência artificial, neste momento para o jornalismo, se divide em duas frentes: a primeira é a criação de produtos, sendo onde posso, de fato, agregar para o usuário explicitamente. Mas, também, na segunda, que é a operação editorial”, destaca Moser.
Para Schenkel, da Gazeta do Povo, a questão principal acaba sendo a rentabilidade de novas ideias. Afinal, se as tecnologias permitem que as atividades sejam otimizadas e agilizadas, isso acontece para todos os players no mercado. “O próximo líder do mercado, daqui a cinco anos, está sendo desenhado hoje. Sei que não será nenhuma das lideranças atuais. Porque o próximo vai superar isso que temos hoje e pode vir de um lugar que não esperamos. O mercado está em ebulição e as frentes são muito amplas”, afirma.
Confira matéria no Meio e Mensagem
Compartilhar
Telefone:
11 97853 5494E-mail:
[email protected]WhatsApp us