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Renda da mulher negra equivale a 46% do ganho do homem branco

Fonte: Meio e Mensagem

1 de dezembro de 2022

Estudo da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial será apresentado na 1ª Conferência Empresarial ESG Racial

No segundo trimestre de 2022, o salário médio de uma mulher negra no Brasil equivale a 46% do ganho de homens brancos. Há 35 anos, em 1987, o rendimento médio mensal de mulheres negras representava 33% do recebido por homens brancos, enquanto em 1998 esse percentual havia saltado para 40%.

Essa variação sinaliza que, apesar do avanço, a valorização das mulheres negras no mercado de trabalho ainda acontece de forma lenta, de acordo com dados levantados pelo estudo “A mulher negra no mercado de trabalho brasileiro: desigualdades salariais, representatividade e educação entre 2010 e 2022”, da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, que reúne dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e do IBGE.

O estudo foi apresentado na 1ª Conferência Empresarial ESG Racial, evento realizado pelo Pacto de Promoção da Equidade Racial, que acontece nesta terça e quarta-feira, dias 29 e 30 de novembro, em São Paulo, para discutir os desafios da equidade racial no mundo corporativo. O evento conta com a participação de executivos de empresas como B3, Ambev, Gerdau, Vivo, Trace Brasil, Vale, Santander, L’oreal e outras.

Salário da mulher negra é mais desigual  no Sudeste

Do mesmo modo, o estudo revelou uma grande heterogeneidade da  questão salariam entre as regiões brasileiras. Os dados do segundo trimestre de 2022 mostram que trabalhadores negros no Nordeste receberam, em  média, 70% do rendimento de trabalhadores brancos. Já no Sudeste, o trabalhador negro  tem, em média, 62% do ganho do  trabalhador branco. Entre as mulheres, essa lógica se mantém. Os números apontam quea mulher negra recebe 71% do rendimento médio de uma mulher branca no Nordeste e 62% no Sudeste.

Em quais setores as mulheres negras estão?

Os setores onde essas mulheres trabalham se mostram como mais um fator da desigualdade. Segundo os dados, parte relevante do aumento da taxa de ensino superior entre mulheres negras concentrou-se em IESs  privadas e  cursos de menor prestígio. Os dados na tabela indicam que, em 2020, cerca de 45% das mulheres negras com ensino superior trabalhavam nos 5 setores de pior remuneração na economia, sendo eles: Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos; Serviços de alojamento, alimentação, reparo, manutenção, redação; Comércio varejista; Administração pública direta e autárquica e Ensino.

Em contrapartida, apenas 25% dos homens brancos com ensino superior estão alocados nesses setores. A hierarquia dos grupos se inverte quando se considera os 5 setores de maior remuneração, sendo eles: Extrativa mineral, Serviços industriais de utilidade pública; Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria; Indústria do material de transporte e Instituições de crédito, seguros e capitalização.

A pesquisa coletou os dados da obra “Dossiê  mulheres  negras:  retrato  das  condições de  vida das mulheres negras no Brasil”, 2013, Cap. 1, de Mariana  Mazzini.

Como a maternidade interfere na carreira das mulheres?

A licença maternidade, garantida pela constituição de 1988, garante que, após o parto, a mulher em regime CLT tenha um período de licença remunerada de 120 dias. Apesar de um dos objetivos da medida ser a garantia do retorno ao trabalho após o período, o estudo aponta que existe um  aumento gradual  da participação da mulher no mercado de trabalho formal até a licença maternidade, mas, depois desse período, existe uma queda – e a saída dessa profissional do mercado, quase sempre, é motivada pelo empregador.

Porém, a questão varia de acordo com alguns fatores. Segundo a análise, mulheres com maior nível de escolaridade apresentam queda de participação de 35% após 12 meses do início da licença maternidade. Porém, entre mulheres com escolaridade mais baixa, esse percentual é de 51%. Além disso, o estudo cita que ações como a prorrogação da licença aparecem em resultados mais sólidos de proteção ao emprego.

A pesquisa trouxe os dados do estudo “The labor market consequences of maternity leave policies: evidence from Brazil”, de 2016, de Cecilia Machado e Valdemar Rodrigues de Pinho Neto. No mesmo sentido, o estudo também traz evidências do impacto das creches como medida de apoia ao retorno do trabalho pós maternidade. De 2001 a  2015, mulheres com filhos de 0 a 5 anos, matriculados na creche, possuíam uma taxa de participação de 68%. Enquanto as mães com filhos fora da  creche têm apenas 49% de participação. O dado é da pesquisa “Oferta de creche e  participação das mulheres no mercado de trabalho no Brasil”, de 2017, feito por Ana Luiza Neves de Holanda Barbosa e Joana Simões de Melo Costa.

Confira matéria no Meio e Mensagem

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