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31 de março de 2022
Definir uma cultura sólida e oferecer equilíbrio entre trabalho e vida pessoal são algumas das formas de a indústria se mostrar atrativa aos profissionais
O mercado publicitário sempre teve questões peculiares em relação ao modelo de trabalho. Por muitos anos foi praticamente senso comum entre os profissionais da área a ideia de que, para ter uma carreira bem-sucedida no meio, é necessário aceitar uma vida de jornadas de trabalho extenuantes, privação de lazer e dedicação quase total à atividade corporativa.
A transformação tecnológica e a abertura de novos segmentos da indústria já vinham apontando aos profissionais que outros caminhos poderiam ser possíveis. A proliferação de startups nos últimos anos e o aumento da demanda por profissionais criativos não apenas em agências mas em empresas de diferentes segmentos alterou a ideia de que as agências de comunicação seriam os únicos lugares possíveis para quem deseja seguir a carreira de publicitário. E as novas possibilidades de trabalho que foram impulsionadas pela pandemia de Covid-19 também levaram muitos profissionais a repensarem seus planos profissionais.
Em meio a esse cenário, a retenção de talentos, que sempre foi uma questão importante para as agências de publicidade, ganhou ainda mais importância. Líderes do segmento pontuam que uma indústria de qualidade só é possível pelos profissionais que nela trabalho e que, portanto, reter e manter a motivação das pessoas é uma grande preocupação, sobretudo pelo fato de o mercado estar mais competitivo do que nunca pela busca de profissionais qualificados.
Como atrair profissionais?
Para ser um setor atrativo aos talentos, o mercado precisa encontrar um propósito que vá além do produto e do resultado financeiro, de acordo com Brisa Vicente, sócia e COO da Soko. “As pessoas precisam entender o impacto real que a empresa causa e, claro, nós, como empresas, precisamos fornecer um ambiente de acolhimento, diverso, em que as pessoas se sintam bem em estar, que consigam equilibrar a vida pessoal e profissional”, defende.
Brisa argumenta que a Soko foi fundada já com o propósito de construir trabalhos criativos sem reproduzir práticas tóxicas do mercado de comunicação e, por isso, a agência tem em sua área de cultura e impacto uma de suas principais atribuições. “Com nosso modelo de trabalho remoto, temos olhado mais para nossos processos tornando possível ter pessoas de outras regiões. Além disso, promovemos também a troca de conhecimento entre profissionais da agência com o Soko Academy, um programa de cursos que são ministrados pelo próprio time e para o time”, diz a executiva. Ela cita também o Soko Meeting, encontro presencial criado pelos colaboradores para propiciar conversas e trocas de informações sobre a agência.
Saúde mental e diversidade
Para a VMLY&R, a redefinição da cultura e dos processos de retenção de talentos são ainda mais importantes, uma vez que a empresa passou, recentemente, por um grande processo de fusão (das operações da Y&R com a VML). Fernando Taralli, CEO da agência, conta que recentemente a operação contratou uma consultoria de saúde mental que está ajudando a trabalhar as melhores práticas para a equipe e que, por meio da área da Diversidade, Equidade e Inclusão, estão lançando projetos específicos para reter profissionais de grupos minorizados.
Ser um mercado mais atrativo aos profissionais passa, na visão de Taralli, pela tarefa de pensar menos individualmente e mais coletivamente, como indústria. “Entender que clientes, agências, veículos, produtoras e demais fornecedores são todos parte da mesma cadeia e implementar políticas que primem pelo bem-estar dos colaboradores em todas essas esferas nos ajudaria a evoluir mais rápido e fazer com que mais pessoas queriam atuar neste mercado. Precisamos deixar de ser a ‘indústria do milagre’. Quando milagres acontecem, em geral, é porque uma pessoa ou um time estão tendo suas jornadas esticadas”, frisa o CEO da VMLY&R.
Capital e trabalho
A questão de adequar as necessidades dos profissionais às demandas das empresas não é algo simples. Na opinião de Dudu Godoy, presidente do Sinapro-SP, vice-presidente da Fenapro e vice-presidente do Cenp, o problema sempre estará na relação entre capital e trabalho. “Quem trabalha quer as suas regras e que elas o favoreçam. Quem paga quer as suas regras, e espera determinado comportamento da parte de quem trabalha. Esse conflito é, e continua sendo, o debate do dia”, diz Godoy.
O profissional que atua nas entidades do mercado diz que não existe uma única fórmula para resolver essa questão, mas pontua que os contratos de trabalho precisam evoluir e as leis precisam descomplicar a vida de ambos. O executivo ainda vê o mercado de publicidade como um ambiente atrativo e destaca a pluralidade de oportunidades como um fator positivo. “Tempos atrás o profissional de marketing só tinha emprego nas grandes corporações e, hoje, as médias empresas entenderam a importância desse profissional. A flexibilização do trabalho é uma das formas de atrair e valorizar os profissionais, assim como a valorização do profissional, em todas as áreas de comunicação”, conclui Dudu Godoy.
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